sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Satisfação/Devolução... Afinal é secular!


Mudei recentemente de casa.

Entendi que necessitava mudar as lâmpadas incandescentes (de luz amarela normal) da cozinha para umas de luz branca e economizadoras.

De início nem sabia se existiriam ou não lâmpadas economizadoras de luz branca, mas vim a perceber que sim.

Não me apetecia nada recorrer às lâmpadas flurescentes que nos habituámos a ver nas cozinhas das nossas mães e avós (e até era o que eu tinha na anterior casa, que estou a vender... já agora, espreitem aqui) e por isso lancei-me na busca das tais lâmpadas de luz branca.

Encontrei umas no AKI, mas como tinha dúvidas quanto à intensidade da luminosidade para a área da cozinha em causa (que é um pouco acima do normal, daí ter de levar duas lâmpadas de tecto) perguntei se podia experimentar em casa e trocar caso não ficasse contente. Em suma, perguntei se o AKI também tinha uma política de Satisfação/Devolução. Felizmente sim.

A política de Satisfação/Devolução é o que nos permite resolver um contrato de compra e venda, recebendo o dinheiro pago ou um crédito para gastar noutros produtos, "porque sim", i.e. sem ter de apresentar qualquer justificação.

Os consumidores, hoje em dia, estão de tal forma habituados a comprar, levar para casa para experimentar e trocar se não servir ou não gostarem - podendo simplesmente dizer, por exemplo, que o computador portátil não combina com a cor dos cortinados da sala -, que julgam - e eu sei do que falo - que isto é um direito que se lhes assiste legalmente, i.e. hoje em dia a grande maioria dos consumidores pensa que pode comprar a primeira coisa que vê na prateleira e ir trocar se afinal não servir, não for compatível, ou for de outro planeta totalmente diferente.

Deixem-se ser claro: NÃO PODE

Ou melhor, só pode se a loja deixar. E há muitas que têm essas políticas afixadas nos estabelecimentos. A FNAC, o Continente/Worten/Vobis, o AKI, entre muitas outras que não me lembro agora.

Não confundir com os contratos celebrados à distância, como por exemplo as compras online ou por catálogo. Nesses casos a lei efectivamente permite a resolução do negócio, sem qualquer justificação, no prazo máximo de 14 dias após a recepção do bem - é o chamado período de reflexão -, por isso abusem lá da Amazon e da La Redoute que a coisa é pacífica.

Assim, o AKI permitiu-me trazer umas lâmpadas economizadoras de luz branca para experimentar na cozinha. Resultado: eram de fraca intensidade e deixavam a cozinha envolta num cinzento mortiço.

Devolvi. Não troquei porque não tinham nada mais forte.

Descobri que a Gillamp tinha uns "canhões" muito fortes que, em demonstração na loja, me pareceram adequadas. Problema: Não trocam. Acho que trocam tudo, menos lâmpadas. Pelo menos foi isso que o tipo disse... talvez porque eu só me preparava para comprar lâmpadas.
Se calhar o Sistema Não Permite.

Disse "Muito obrigado, mas sendo assim vou continuar à procura.". E a Gillamp deixou de vender uma lâmpada de mais de € 20 (aliás, 2 lâmpadas).

Eu estava à procura de umas lâmpadas economizadoras de luz branca, com mais de 25W, que correspondessem a mais de 125W do incandescente. Tentem. Vão ver como é difícil.

Acabei por encontrar numa micro loja de comércio tradicional na Avenida Almirante Reis. Acho que se chama qualquer coisa Rodrigues, que é nome do Senhor, já de muita idade, acompanhado ao balcão pela sua esposa (também idosa), ambos muito simpáticos, que amavelmente me atenderam numa "late afternoon" de sexta-feira.

E o Senhor lá me foi sugerindo umas lâmpadas "americanas" enquanto me ia referindo que se calhar as que eu comprei no AKI eram "chinesas" e que tem encontrado muitas assim mortiças e ranhosas vindas do oriente. Enquanto isso, a sua esposa ia concordando comigo que na cozinha precisa-se de luz branca e forte e que eu faço muito bem em trocar.

Vendo a minha relutância no investimento, O Sr. e a Sra. Rodrigues disseram então: "O Senhor leva para casa e experimenta. Agora não! Porque ainda há luz. Mais logo. O melhor é jantar com a sua mulher à luz da lâmpada e logo vêm. Leva aqui um papelinho para vir trocar, se não gostar. Se gostar, logo se faz a factura".

E assim foi.

Sábado de manhã lá estava eu para comprar a segunda lâmpada. São um espectáculo as lâmpadas que o Sr. Rodrigues me vendeu. Desafio-vos a encontrar melhor.

Foi assim que percebi que afinal esta coisa da Satisfação/Devolução não é nada de novo. Afinal sempre existiu. Nós é que nos esquecemos....

2 comentários:

Anónimo disse...

Devia ter perguntado se podia devolver as lâmpadas se não servissem

Paulo Sampaio Neves disse...

Quer-me parecer que não leu o texto com a devida atenção. Se se está a referir à Gilamp, veja que eu digo que perguntei isso mesmo, se podia trocar se não servissem e a resposta foi não. Já lá vão uns anos. Pode ser que tenham evoluído.