domingo, 23 de setembro de 2007

Não há regra sem excepção

Hoje apetece-me dizer bem.

Muito se tem falado, em fóruns mais ou menos privados, que a FNAC, agora que já fidelizou uma grande fatia de consumidores portugueses, passou a "mostrar as garras" com preços muito menos convidativos e com manobras publicitárias e crédito ao consumo que em nada vieram beneficiar o mercado.

Muito dizem "Os tipos são especialistas em tudo, explicam tudo o que precisamos saber, e depois descemos as escadas" - em clara alusão às lojas do Centro Comercial Colombo - "e vimos comprar à Worten mais barato."

Por vezes é mesmo assim. A Worten por vezes tem mesmo preços mais competitivos do que a FNAC.

Mas terá a Worten a atenção ao cliente e a capacidade técnica que têm as pessoas que trabalham na FNAC para explicar exactamente o que é melhor para as nossas necessidades concretas?

E isso não tem valor? Não se paga?

Fica a questão.

A verdade é que aqui há uns dias eu estava com um problema no meu desktop de casa. A ventoinha que arrefece o processador parecia uma turbina de avião e não podia deixar o PC ligado umas horas que já se ouvia o barulho em toda a casa.

Pensei em comprar uma ventoinha silenciosa.

Dirigi-me à FNAC do Colombo e disseram-me para falar com o rapaz da assistência a computadores que fica localizada junto à área dos cartões de cliente.

Estivemos cerca de 20 minutos a discutir, com ele a explicar-me vários procedimentos técnicos que eu deveria fazer na máquina. Coisas de que nunca tinha ouvido falar.

Discutimos preços das ventoinhas "Cerca de 30 a 40 euros" dizia-me ele.
Mas aconselhou-me a fazer uma limpeza primeiro e aplicar uma nova pasta que transfere o calor do CPU para a ventoinha, pois a de origem poderia estar gasta.

Saí de lá com um tubinho de pasta que me custou 3 euros.
Segui os procedimentos que me indicou e desmanchei o computador quase todo, motherboard incluída.
Quando montei pensava que já nada iria funcionar.

Resultado: problema resolvido.

Hoje a ventoinha é quase um gatinho a ronrronar e aqui fica o meu agradecimento público por 20 minutos de explicação técnica para vender uma bisnaga de 3 euros.

Haverá outra loja assim?

Para mim continua a ser a favorita.

Ainda agora lá comprei um router wireless e nem pensei duas vezes no conselho que me deram. Confirmei depois preços e adequação ao que pretencia e tudo bateu certo.

Se não estivesse satisfeito sempre poderia devolver no prazo de 30 dias e dizer "Não fica bem com a cor dos cortinados" e teria o dinheiro de volta. Isto é impagável.

Há coisas que também merecem de que se fale bem.

Hoje foi o caso...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Por favor entendam-se...

Já há algum tempo que não escrevia, mas o facto de ter batido o recorde de queixas no Livro de Reclamações espevitou-me.

Num só dia vi-me forçado a escrever duas vezes no Livro de Reclamações do Metropolitano de Lisboa.

Mas, verdade seja dita, a responsabilidade deve ser dividida entre o Metro e a Rodoviária de Lisboa.

Pois é a "guerra" entre estas duas empresas (e outras) que tem vindo a prejudicar os consumidores.

E como?

Bom... quem habita em Lisboa já saberá certamente que existem hoje em dia passes com chip que servem, entre outras, para utilizar no metro, para abrir as cancelas, e para nos identificarmos na Carris.

Trata-se de um investimento que estas duas empresas, de capitais públicos, fizerem, com o apoio do Governo, que as empresas privadas não querem seguir sem que o Governo também as apoie. E temos a guerra lançada.

A Rodoviária de Lisboa mantém o sistema de senhas.

Assim, e passando para o meu caso concretro, eu adquiro um passe combinado Metro/Rodoviária de Lisboa, que tem necessariamente de ser exteriorizado através de uma senha.

Não posso adquirir o passe de nenhuma das formas electrónicas que já existem, pois não basta carregar o chip com informação. Tenho de ter selo.

Para aquelas pessoas que adquirem só passe de Metro, válido por 3o dias, é totalmente indiferente o dia do mês em que o compram, pois a sua validade é por 30 dias, não terminando no final do mês.

O meu passe é diferente. É mensal. Por isso, se não o adquirir a dia 1, estou a perder dinheiro.

No dia 1 de Setembro, Sábado, tentei comprar a senha de passe na estação de Odivelas.

Ambos os balcões estavam encerrados. Estão encerrados ao fim de semana. Disse-me o funcionário que "quem está lá em cima acha que as pessoas não compras passes ao fim de semana".

Resultado: queixa no livro de reclamações.

Depois de ter comprado um bilhete, diz-me o funcionário que talvez na pastelaria em frente vendessem o passe. Eles não vendem, mas os agentes espalhados por aí, por vezes, têm. !?!?!?

Cheguei ao Campo Grande, interface e vende de passes por excelência, e encontrei os balcões de venda de passes abertos.

Contudo "Não vendemos esse passe ao fim de semana. Só segunda-feira"

E eu disse: "Mas hoje é dia 1. Por acaso vão-me pagar os bilhetes que comprar hoje e amanhã (Domingo)? Ou fazer-me um desconto de 2 dias no preço do passe?"

Resultado: 2ª queixa no livro de reclamações no mesmo dia.

Esta foi algo caricata, porque o livro de reclamações já estava gasto e tiveram de ir buscar um novo. 8-)))

A razão de ser de tudo isto é pressionar as pessoas a reclamar junto da Rodoviária Nacional - sim, porque o metro vende passes de 30 dias em formato electrónico, disponível 24 horas por dia - e outras empresas que não adiriram ainda o mesmo sistema.

Mas pressionar à custa de quem? Do consumidor, claro.

POR FAVOR ENTENDAM-SE DE UMA VEZ POR TODAS. É o apelo que eu faço.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Ele há coisas do demo

Como qualquer ("reles") mortal, também eu sucumbi ao bicharoco da Portugal Telecom (a assinatura mensal: um parasita que tem pernas e pêlos nojentos e que toda a gente quer tirar lá de casa, mas que o ICAP entendeu que era denegridora da imagem da Portugal Telecom, por ultrapassar o exagero aceitável em publicidade e proibiu de aparecer na televisão) e instalei telefone em minha casa.

Essencialmente porque queria poder receber e enviar faxes.

Mais receber... porque para enviar, bastava o computador... (claro que ainda existem alguns puristas que entendem que os faxes têm de ser assinados... e tal...).

NOTA:
De acordo com os mais modernos dicionários, já existe a palavra portuguesa "faxe" por isso não é erro...

Mas também porque a rede da TMN é péssima na minha área de residência (sempre são menos umas ondas que o meu cérebro suporta) e é frequente as pessoas terem de vir à janela - mesmo para fora da janela - para falar ao telemóvel.

Internet ADSL também estava nos meus horizontes.

Sucede que, ao fim de dois anos a tentar que a PT deixasse, primeiro a Oni e depois a Clix, instalar ADSL em minha casa... mesmo depois de eu aceitar ficar fidelizado (adoro esta palavra) ao Sapo durante 12 meses, só para que me instalassem o ADSL... a PT foi-me sempre presentiando com uma cartas-tipo dizendo que a linha não tinha qualidade, que estava numa central remota, que o sistema não permitia e tal...

Pelo que desisti da linha da PT.

Não quero. Vou para o serviço telefónico da TV Cabo (e notem que isto foi antes do filme publicitário das 3 amigas em trajos menores a cantaram docemente trim trim.... trim trim... trim trim... Agora a sério... nem sequer gosto do anúncio.) e foi assim o meu divórcio com a PT...

Mal eu sabia...

Para abreviar, deixem-se só dizer que o serviço telefónico da TV Cabo permite ligar o modem à rede de tomadas que todos temos em casa e assim ligar vários telefones e aparelhos de fax onde houver uma tomada perfeitamente normal. Mas... é preciso que não exista uma linha telefónica instalada.

Pois bem... ao fim de uns meses de ter cancelado o serviço da PT, liguei um telefone à tomada e verifiquei que o mesmo "não tugia nem mugia". Fantástico! LIVRE!!!!

Eis senão que, quando instalei o modem da TV Cabo para o serviço telefónico fiquei com um "beep" digital estranho em todos os telefones...

Fui-me queixando diariamente até que um operador da TV Cabo mais iluminado diagnosticou:

"Isso é corrente eléctrica que o Senhor tem praí na linha de cobre."

Mais tarde voltaram a ligar-me da TV Cabo e perguntaram se eu não teria a linha da PT ainda instalada.

Disse que não... Eu até tinha testado e tudo...

Mas depois de um dia ou dois, achei estranho e decidi desligar o modem da TV Cabo e ligar um telefone directamente a uma tomada, sem mais....
~
"Timmmmmmm".... Poças!!! Atão??? Tenho a instalação possuída por uma linha da PT, cum carago!!! Ele há coisas do demo

Lá avisei a TV Cabo do facto bizarro e fiquei de lidar com a PT... huhhh que medo!!!

Com a PT tive o seguinte diálogo:

Eu - "Boa noite. Queria reportar uma avaria no meu telefone."

PT - "Qual é o número?"

Eu - "É o 219XXXXXX"

PT - "Mas esse número está desactivado desde Fevereiro"

Eu - "Pois... é essa a avaria. É que eu estou a ligar-lhe dessa mesma linha."

PT - "Mas esse número já está atribuído a outro operador."

Eu - "Lá isso não sei e não tenho nada a ver com isso. O que é facto é que quando ligo um telefone a uma tomada consigo ligar para o apoio a clientes da PT e para as avarias, como estou a ligar agora. Não consigo fazer chamadas cobráveis, nem consigo receber chamadas, mas lá que tenho linha, tenho."

PT - "Um momento por favor."

...

...

...

PT - "Lamento, mas não podemos ajudá-lo porque esse número já não é nosso."

Eu (algo irritado) - "Ouça! Acha normal que eu, tendo cancelado a linha, tenha sinal de marcar quando ligo um telefone à tomada? Tanto mais que isso me está a impedir de ter acesso a um serviço telefónico da TV Cabo e que estou a pagar?"

PT - "Um momento por favor".

...

...

...

PT - "Vamos passar a um atendimento especializado. Posso ser útil em mais alguma coisa?"

E eu pensei: Mas esta jovem já me foi útil em alguma coisa, para se achar com legitimidade para fazer esta pergunta???? - e disse: "Não."


PT Especializada - "Boa noite. Entendo que tem sinal de marcar nas tomadas em casa e que isso está a interferir com a TV Cabo"

Eu - "Bom... com a TV Cabo propriamente não, mas interfere com o serviço telefónico da TV Cabo"

PT Especializada - "Mas o serviço telefónico da TV Cabo vem por um cabo digital. Não tem nada a ver com a rede telefónica"

Eu - "Não é bem assim. Pode ter um só telefone ligado directamente ao modem, mas também pode ligar o modem à rede RITA interna, em casa, para poder ter telefone em todas as tomadas, em todas as divisões onde existirem tomadas".

PT Especializada - "Ah!!! Não sabia."

Eu - "Pois... basta ir ao site que está lá. A culpa não é sua de trabalhar no mesmo grupo de empresas e não lhe darem formação para poder perceber exactamente que serviços andam todos a vender... mas enfim... a título pessoal fica o conselho de se informar melhor."

PT Especializada - "Isso é numa caixinha que tem aí no prédio, mas eu vou reportar a situação e será contactado"


Depois disto eu desatei a abrir as caixas técnicas todas de minha casa... menos uma que já sei ser da TV Cabo.

Atenção que eu não percebo assim tanto de electricidade e tal...

Abri uma caixa com uns fios amarelho e ver, castanho, preto e azul... hum... pareceram-me uns que já tinho visto quando andei a instalar um candeeiro na casa de banho...

Isto deve ser electricidade, pensei...

Abri depois uma outra que tinha uma pequena placa de circuitos... Pensei: Isto deve ser do som ambiente da casa... tem aspecto de coisa computadorizada...

E ainda fui à escada abrir mais uma caixa, mas também parecia electricidade e decidi que ainda quero viver mais uns anos e parei.

Hoje mesmo fui contactado por um técnico da PT... e este Senhor merece mesmo que lhe chame técnico da PT.

Pois bem... Então o que se passa?

As mentes brilhantes da PT cancelam informaticamente a linha, mas deixam ainda o sinal activo para o caso de os clientes querem voltar a activar a mesma, sendo assim muito mais rápido.

MAS ALGUÉM QUER VOLTAR PARA A PT DEPOIS DE DESISTIR???

ESTÁ TUDO LOUCO OU QUÊ????

Como já ouvi dizer, a PT entende que a TV Cabo é concorrência (!!!... se não tens inimigos à altura, inventa-os!!!) e como a PT não parece querer facilitar a vida à concorrência, vai de manter as linhas ocupadas com o seu sinal qué'pró serviço da TV Cabo só dar problemas.

Será isso???

Diz-me então o Senhor Técnico que a rede de minha casa é minha propriedade e a PT não pode mexer. Tenho de ser eu a desligar ou um electricista que eu contratar, ou um técnico da TV Cabo.

Eu até aceitei isto a bem... e até pensei: Epá... o sistema às vezes até funciona!

Mas pensem um pouco nisto!!!

A PT entende deixar um sinal na minha linha telefónica e eu é que tenho de desligar os fios para que isso não aconteça? Porque é uma nova política da PT facilitar que os clientes voltem...

E quem lhes deu autorização - já que a rede é minha - para deixar lá o sinal?

Em suma, quem quiser desistir da linha da PT para instalar o serviço telefónico da TV Cabo, ou percebe alguma coisa de electricidade ou vai mesmo ter de pagar a alguém (electricista ou técnico da TV Cabo) para retirar aquilo que a PT lá colocou.

Reparem no seguinte. A PT não cobra para desinstalar o serviço e por isso, deveria retirar o sinal de borla.

Mas a TV Cabo cobra para instalar e, se não fosse este "pormenor" do sinal estar nas tomadas, qualquer pessoa sozinha - E SEM PAGAR À TV CABO - consegue instalar o serviço telefónico. É fácil e o manual é claro (nisso há que dar os parabéns à TV Cabo).

Portanto, a PT (sejam em forma de Portugal Telecom, seja no papel de TV Cabo) está sempre a ganhar.

Mentes brilhantes, realmente.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Carteiro: profissão de risco


O que levará um carteiro a pressionar insistentemente uma campainha, logo pela manhã, num belo dia de Maio, quinto dia útil da semana, véspera desse belo intervalo a que chamamos de fim de semana?

É um mistério!

Mas leva-me a pensar que aquela personagem parecida com o Harry Potter que consegui ver através do video-porteiro enquanto me azucrinava os ouvidos (e colocava em raiva o meu Chihuahua) deverá ser movido por umas quaisquer directrizes da empresa para a qual trabalha.

E foi então que percebi: os CTT devem trabalhar no risco.

Vejamos e generalizemos:

As caixas de correio (vítimas do embelezamento das expressões populares que atacaram as contínuas, os cantoneiros, os fiscais de linha, os caixeiros-viajantes e as barracas: os novos auxiliares de acção educativa, técnicos de limpeza e saneamento de vias públicas, árbitros auxiliares, consultores comerciais e habitações de génese ilegal, passaram a ser designadas por receptáculo postal) ficam habitualmente situadas no interior dos edifícios de habitação.

Ora... para entrar, ou há porteiro(a) (os novos técnicos de atendimento personalizado de acesso a edifícios) , ou o carteiro lá terá de tocar insistentemente às campainhas até que, por magia, o portão se abre.

Então e se um dia ninguém abre o portão?

Fica toda a gente sem correspondência nesse prédio?
O sistema não permite?
E a culpa é de quem?

É capaz de haver um diploma legal qualquer do tempo do Estado Novo que regule esta matéria, mas se eu fosse analisar e colocar aqui a resposta, este "post" perderia a pouca graça que já tem... Talvez um dia, quando fizer um blog jurídico ponha lá a resposta...

A verdade é que os CTT trabalham no risco de não encontrarem ninguém em casa.

Ou então têm estudos complicadíssimos que provam que em cada prédio há um inútil que passa o dia em casa agarrado à Internet a fingir que procura emprego, ou a jogar na consola, que lhes poderá abrir a porta durante o intervalo do jogo de futebol da consola, pondo o chat em "Away"...

Não... não deve ser isso...

Penso que as hipóteses de encontrar alguém em casa até são facilmente mensuráveis, mesmo para mim, leigo em análise estatísca:

REFORMADOS

Tendo em conta as aposentações prematuras que se verificam na função pública e no sector bancário, as hipóteses são boas de encontrar um reformado em casa.

JOVENS UNIVERSITÁRIOS

Considerando que a "malta" universitária quase nem "põe os pés" nas aulas, deve ser fácil encontrá-los na cama, de manhã.

DOENTES

Se tiverem video-porteiro e não confundirem o carteiro com um fiscal da Segurança Social, os muitos "doentes" que estão de baixa em Portugal, também podem contribuir para abrir a porta.

DESEMPREGADOS

Palavras para quê!!!

PESSOAS QUE SIMPLESMENTE ESCOLHEM VIVER À CUSTA DO(A) CÔNJUGE

Ah! Os inúteis...

PESSOAS DO JET7 QUE NÃO TRABALHAM E VIVEM DE EXPEDIENTES

Ah! Os imortais... não.. os inúteis...

Face à questão "Ser carteiro é uma profissão de risco?", bem vistas as coisas... afinal até nem é. Graças à população inactiva, nenhum carteiro fica na rua.

Ao menos, que tenham alguma utilidade.

domingo, 20 de maio de 2007

Transtejo e Soflusa a meter água?




Nos meses de Abril e Maio dei por mim a passear de cacilheiro e a tomar contacto com a fantástica nova estação fluvial do Cais do Sodré, não sem antes ter de esbarrar com um grave problema que parece afectar a Transtejo e a Soflusa....
FALTA DE INFORMAÇÃO AOS UTENTES

É que neste país, só sabe o horário dos transportes públicos quem anda neles todos os dias... Quem quer saber, vê-se em apuros!

Mas isto é algo que, infelizmente, todos sabem...

O problema é a que Transtejo e a Soflusa - não percebo a razão de ser desta gestão bicéfala (pelo menos o logótipo não é uma águia) mas também não me pareceu importante investigar... se é para apontar o dedo, levam todos pela mesma medida - levam a falta de informação aos seus utentes àquilo que só se pode qualificar como um absurdo.

Deitem, por favor, o olho por uns instantes ao site da Transtejo antes de ler o resto do texto.

Viram??? Ele é Active Desktops com o horário dos barcos... software com despertadores... etc.

Fantástico... nunca vi outra empresa de transportes públicos preocupar-se tanto com o facto de as pessoas necessitarem de saber os horários!!!

SERÁ MESMO???

Pois bem... nas minhas viagens para o Montijo tive as seguintes experiências:

Abril

Chego esbaforido ao Terreiro do Paço.

Entro para comprar bilhete para o Seixalinho (cais do Montijo).

"Ohhh Isso já não é aqui... Isso agora é no Cais do Sodré"

Simpático não é?

Só quem anda de barco todos os dias é que tem de saber... os outros não interessam... Certo?

Desisti.


Ainda Abril

Agora já mais sabedor, chego à estação fluvial do Cais do Sodré para apanhar o barco para o Montijo.

Penso de mim para mim que será avisado pedir um horário, desses em papel muito bem dobradinho que cabe na carteira, para saber quando parte o último barco do Montijo para Lisboa e não ficar apeado.

"Horários não temos".

E penso... Haverá alguma razão para que em Portugal se inaugurem as coisas sempre antes de estarem prontas?

É que o gabinete de Apoio ao Cliente estava neste estado - fechado e com lixo de obras:



Notei ainda que a fantástica nova estação fluvial do Cais do Sodré havia sido brilhantemente desenhada certamente, e com o devido respeito, por um arquitecto de currais de gado.

Não conheço o Mestre, mas daqui vai a minha vénia pela sábia adaptação de um curral, ou quiçá um matadouro de vacas, a uma estação fluvial. Magistral!!!

Mas, para quem não conhece esta estação, não podia deixar de a descrever:

A partir do momento em que se cruzam as cancelas temos acesso a uma "simpática" sala exígua sem WC, sem água e sem comida.

Ahh e claro... ficamos, naturalmente, impedidos de fazer o caminho inverso caso tenhamos um bilhete e não um passe.

E ainda temos vista para o café, que é para aguçar a sede e fome, de água e comida a que ficamos sem acesso. Bem pensado!

Não percebo nada de arquitectura, mas assim à primeira vista, parece-me, de facto, muito bem planeado.

Fiquem com a imagem que os utentes (no fundo, o gado) têm dentro deste magnífico estábulo:




Maio

Pois é... devo ser masoquista, porque lá voltei à mesma estação fluvial...

Estava já na rua, mas quis saber o horário dos barcos.
Depois de muito penar no 1820 (dava 20 posts o que uma pessoa sofre no novo 118) lá me deram o número das informações da Soflusa:

808 20 30 50

Se forem ao site, vão ver que está lá bem visível.

Atende-me uma senhora e digo:

Eu - "Boa tarde. É da linha de informações da Soflusa?"

Ela - "Sim".

Eu - "Queria saber a que horas parte o próximo barco para o Montijo"

Ela - "Não sei. Não tenho aqui os horários. Nós aqui não temos os horários."

Neste momento deixo o meu cérebro navegar um pouco, fantasiando nas inúmeras coisas que alguém pode ter interesse em perguntar a uma linha de informações sobre barcos para além do horário dos mesmos.... ahhh... hum.... sou um pássaro e boava boava....

Eu - "Ah! E então para onde posso ligar para saber os horários?"

Ela - "Vai ter de ligar mesmo para a estação dos barcos... ou a do Cais do Sodré ou a do Montijo."
Eu - "Ok. Então dê-me por favor o número da estação do Cais do Sodré."

Ela - "Espere um pouco... Não tenho!"

Eu - "!!!!!!!! E a do Montijo"

Ela - "Não... também não tenho... Nós aqui não temos os números de telefone das estações."

Eu - "Então obrigado"

E neste momento, queria mesmo dizer "Obrigado por nada", mas contive-me... sei lá porquê.

Voltei ao 1820 e descobri o número da estação do Cais do Sodré:

Eu - "Boa tarde. É a linha de informações da estação do Cais do Sodré da Transtejo?"

Ele - "Não. Eu sou o controlador do tráfego dos barcos"

E pensei... bem, se este senhor não sabe, ninguém sabe... mas será que me vai dizer??? É que estamos em Portugal, por isso, certamente ele vai dizer que tenho de ligar para a linha de informações.... Vou tentar!

Eu - "Ahhhh é que eu queria saber o horário dos barcos para o Montijo."

Ele - "Qual horário?"

Eu - "O próximo... pode ser o próximo!"

Ele - "17h30m"

FANTÁSTICO!!!! CONSEGUI!!!!

Quando cheguei à estação pensei que, certamente ao fim de não-sei-quantos meses desde a inauguração já teriam produzido a "porcaria" dos horáriozitos de bolso....

Não.

"Não temos horários" diz a funcionária da TT/Soflusa.

Agradeci. Também não sei bem porquê.

Mas consegui chegar ao Montijo.

E pensei... Será que os horários se esgotaram no Cais do Sodré, porque passa lá muita gente?

Ahhhh Então aqui no Montijo deve haver.

Eu - "Boa noite. Queria um horário."

Ele - "Epá... Não temos. Está ali afixado na parede."

Ainda pensei em fotografar o horário, imprimir em formato de carteira e guardar.... mas estaria a ser mais absurdo do que os procedimentos da própria TT/Soflusa.

Sempre posso, para a próxima, instalar o Active Desktop disponível no site da Transtejo, trazer o meu portátil, a placa 3G, e pronto... fico a saber os horários onde quer que esteja.

Agora a sério... será pedir muito à Transtejo que siga o exemplo da Rodoviária de Lisboa, da CP e da Rede-Expressos???

Estas empresas põe a tecnologia ao serviço dos utentes (horários e compra de bilhetes online, compra de bilhetes por telemóvel, selecção de lugares online, etc.), mas não esquecem o básico: informação onde ela é mais precisa - nas estações ou numa linha telefónica minimamente prestável.

Pensem lá um pouco nisso e deixem de meter água!

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Haverá melhor exemplo de que, por vezes, "O Sistema Não Permite"?



TEXTO ALTERADO DE FORMA A NÃO CONSTAR A IDENTIFICAÇÃO DO BANCO


A já muito difundida troca de correspondência entre um cliente - o Zé, para os amigos - e o seu banco que insiste em tratá-lo por engenheiro:



"(...) Na profissão, os senhores indicam-me como engenheiro civil. De facto, já tive muitas profissões, desde consultor a docente do ensino superior, tradutor e até escritor. Mas nunca tive o privilégio de trabalhar como engenheiro civil, até porque a minha licenciatura em engenharia física não mo permitiria.
Como tal, agradeço-lhes que retirem esse dado da profissão, por não ser correcto nem relevante.
Com os meus cumprimentos,
José Luís Mxxxxxxxx"



_____________________________
"Estimado Cliente, Sr. José Luís Lxxx,
(...)
No que respeita à sua actividade profissional, e por forma a procedermos alteração da mesma será deste modo necessário que nos remeta uma cópia certificada ou original em papel timbrado de uma Declaração da Entidade Patronal, ou cópia certificada do Cartão Profissional, frente e verso, ou recibo de vencimento, desde que conste profissão, entidade patronal, situação contratual e data de admissão, documentação que poderá remeter via correio para a Remessa Livre n.º 25009, 1144- 960 Lisboa, não sendo necessário selo, ou em alternativa poderá apresentar os originais junto do Balcão.

Relativamente à certificação, a mesma poderá ser solicitada junto da Junta de Freguesia, dos
CTT, do Notário ou Advogado.
(...)
Encontramo-nos à sua disposição para prestar os esclarecimentos necessários.

Com os melhores cumprimentos,
BANCO,
Direcção de Marketing e Novos Canais"




_____________________________
" Em resposta à vossa mensagem, tenho-lhes a dizer, com toda a sinceridade, não é da vossa conta a profissão que eu exerço ou deixo de exercer. Agora, o que não podem, de forma nenhuma, é atribuir-me uma profissão aleatória que eu nunca exerci, como é a de engenheiro civil. Portanto, agradeço que retirem qualquer menção à minha profissão dos vossos dados pessoais a meu respeito, ao abrigo do direito de rectificação que me assiste, de acordo com a legislação em vigor de protecção de dados pessoais informatizados. "




_____________________________
"Estimado Cliente, Sr. José Luís Lxxx,
Agradecemos, desde já, o seu contacto.

No seguimento da sua mensagem, e de acordo com a informação facultada na mensagem envida anteriormente, indicamos que por forma a procedermos à alteração da sua Actividade Profissional, será necessário que nos remeta a documentação solicitada, ou apresente a mesma junto de um Balcão, estando este procedimento de acordo com o Aviso 11/05 do Banco de Portugal.

O BANCO, no âmbito dos princípios que presidiram à redacção desse Aviso, tem vindo progressivamente a promover a actualização dos Dados Pessoais dos Clientes, sempre que as circunstâncias se enquadrem no espírito do referido Aviso.

Por este motivo, e lamentando qualquer incómodo causado, existe a necessidade de proceder à
actualização dos seus Dados Pessoais, mediante apresentação de um documento comprovativo da sua Actividade Profissional. Em virtude de verificarmos que existem outros dados por actualizar, solicitamos também que nos remeta copia certificada do seu Bilhete de Identidade e
Cartão de Contribuinte, ou apresente os mesmos num Balcão, para que se obtenham cópias e
se proceda à actualização.
(...)
Encontramo-nos disponíveis para prestar os esclarecimentos que considere necessários,

Com os melhores cumprimentos,
BANCO,Direcção de Marketing e Novos Canais"




_____________________________
"Meus caros senhores,
Eu não vou enviar a documentação que me pedem, pois insisto que a profissão que exerço não
lhes diz respeito.

Faço então o inverso do ónus da prova.

Mostrem-me os senhores os documentos em que se basearam para dizer que eu sou engenheiro
civil. Quem sabe, de posse deles, até me possa candidatar a primeiro-ministro.
Se os senhores me garantem que só efectuam essas alterações de posse de documentos oficiais, então com certeza que tiveram acesso a um certificado de habilitações que os informou de que eu sou engenheiro civil (espero que não sejam da Universidade Independente).
Pois, peço-lhes então que me enviem a mim uma cópia desses documentos, pois dava-me um jeitão acrescentar às minhas habilitações as de Engenheiro Civil, que não sou nem nunca fui.

Mas, se realmente os senhores têm documentos que o provam, é porque deve ser verdade e eu começo a perceber como é que a situação de engenheiro civil é, neste país, uma situação muito transitória.

As vossas reservas tinham toda a razão de ser, se eu lhes tivesse a exigir que me atribuíssem
habilitações que eu não tenho. Mas a situação é perfeitamente inversa. Estão a atribuir-me um
curso que eu não tenho e uma profissão que eu não exerço. Não posso demonstrar que não sou
engenheiro civil porque não existe certificado de habilitação de não-engenheiro civil.

Por isso, repito o direito que me assiste de corrigir dados pessoais informatizados que estão errados. E exijo que retirem a profissão de engenheiro civil.

Com os meus cumprimentos,
José Luís M"




_____________________________
"Estimado Cliente, Sr. José xxx,
Agradecemos o seu contacto o qual mereceu a nossa especial atenção.

Em resposta à sua mensagem, informamos que no momento em que procedeu Abertura da Conta de depósitos à ordem o registo das Habilitações Literárias, não eram efectuadas de acordo com o Aviso 11/2005 de 13 de Julho do Banco de Portugal, o qual é transversal a todas as Instituições e que obriga nomeadamente aquando da actualização de dados pessoais, apresentação de comprovativo, bem como na emissão de Meios de Pagamento que os respectivos dados pessoais e profissionais encontrem-se devidamente actualizados.

Autrora [sic], as Habilitações Literárias eram inseridas de acordo com o indicado pelo cliente,
podendo, por ventura ocorrer um erro na inserção da informação, não obstante, à presente
data, para que possamos actualizar este elemento, será necessário, apresentação do Certificado
de Habilitações, junto de um balcão ou envio de cópia certificada para a morada Remessa
Livre 25009,1144-960 Lisboa.

Salvaguardando, desta forma, que no futuro possam estar associados bloqueios que comprometam a realização de operações através dos canais á distancia, nomeadamente do serviço XXXX, ou junto das Caixas Automáticas.

Aguardamos a actualização deste elemento bem como dos solicitados na mensagem anterior,
encontrando-nos disponíveis para prestar os esclarecimentos que considere necessários.

Com os melhores cumprimentos,
BANCO Direcção de Marketing e Novos Canais"




_____________________________
"Ou seja, segundo me estão a dizer, os senhores enganaram-se a pôr os dados, pois eu nunca disse que era engenheiro civil. Não tinha motivos para o fazer, pois nunca o fui e não estava a
candidatar-me a um emprego como engenheiro civil na vossa empresa quando aí abri uma
conta.

Ora, porque os senhores se enganaram, agora exigem-me um certificado de habilitações que
certifique um grau que eu não tenho. Certo? Ou seja, vou à secretaria de uma faculdade de
engenharia (penso que já não posso ir à Independente, porque parece que vai fechar) e peço-lhes que me passem um certificado de habilitações em como não sou engenheiro civil. Estou
certo que devem ter lá um modelo para isso: Certificado de Habilitações de Não-Engenheiro
Civil.

Depois, mando-lhes uma cópia e já posso provar ao mundo que não sou engenheiro civil.

Portanto, devo concluir que, de acordo com o vosso entendimento, qualquer cidadão que
abra conta no vosso banco é engenheiro civil até prova em contrário...

Disse alguma coisa de errado até agora?
Não lhes passa pela cabeça que é um pouco kafkiano pedir a um cliente que rectifique os
vossos erros informáticos apresentando um certificado de não habilitações que ateste que ele
não é licenciado em engenharia civil?

Fico a aguardar o prazer de mais uma das vossas respostas, pois é um ponto alto do meu dia
verificar até que ponto pode ir a rigidez burocrática de uma instituição.

Peço-lhes ainda que
não levem a mal eu estar a compilar esta nossa interessante troca de mensagens num texto
humorístico que espero vir a publicar, tal é o despropósito de toda esta situação.

Com os meus estimados cumprimentos,
José Luís Mxxxxxxxx"




_____________________________
"Estimado Cliente, Sr. José Luís Mxxxxxxxx,

Agradecemos, desde já, o seu contacto.

No seguimento da sua mensagem, vimos informar que a situação que nos reportou foi encaminhada para o departamento competente.

Após obtermos uma resposta, procederemos de imediato ao envio de uma mensagem.

Encontramo-nos disponíveis para prestar os esclarecimentos que considere necessário.

Com os melhores cumprimentos,
BANCO
Direcção de Marketing e Novos Canais"




_____________________________
"Com a curiosidade que o momento requeria, fui consultar os meus dados, para ver se já
tinham sido devidamente rectificados. Deparei-me com a seguinte pérola da titularite aguda
que assola este país:


VER IMAGEM SUPRA

Quando consegui parar de rir, respondi com a seguinte mensagem em três fascículos (só nos
são permitidos 2000 caracteres de cada vez)

Estimadíssimos Senhores,

Fiquei muito feliz por ver que, finalmente, tiveram a amabilidade de agir sobre os meus dados
pessoais.

Constato que ainda não lhes é possível usar o meu número de telefone porque começa por 30 e
isso faz muita confusão ao vosso departamento de informática.

No entanto, folgo em constatar que não perderam o sentido de humor no que toca aos restantes
dados pessoais.

Assim, nas habilitações literárias, de licenciado fui despromovido a 12 ano.

Na verdade, tenho o grau de mestrado em física tecnológica, mas como não faço tenções de lhes apresentar provas desse facto, fico muito satisfeito por ao menos me reconhecerem o 12º ano sem necessidade de prova formal.

Como não penso que sejam elitistas ao ponto de me tratarem pior por ter uma mera escolaridade obrigatória, o 12º ano fica muito bem, pois também me deu muito trabalho a
fazer e, de facto, possuo esse grau. Deixemos, portanto, as habilitações literárias que estão
muito bem assim.

No título honorífico, puseram "sem título honorífico".

Não posso deixar de confessar que me doeu essa dura chamada à realidade. Mas, de facto, não me considero titular de nenhum título de nobreza (tive um trisavô visconde, mas acho que já não conta), não fui ordenado sacerdote, nunca recebi nenhuma comenda e, à semelhança do nosso Primeiro-ministro, não estou inscrito em nenhuma ordem, tenho de me conformar à minha condição de vulgar plebeu sem título honorífico quando, para mais, me recuso a mostrar-lhes o certificado de habilitações.

Portanto, também aqui no título honorífico, estamos de acordo. Sou simplesmente o José.

Agora, na profissão... aqui temos um problema. O problema para o qual lhes tenho vindo a
chamar a atenção: o facto de eu não ser engenheiro civil, tornou-se agora bastante mais grave.

É que acusam-me de ser engenheiro civil sem estar inscrito na ordem (caso contrário teria o
título de Eng.) e, horror dos horrores, com as habilitações literárias de um 12º ano.

É que nem o nosso primeiro-ministro se atreveu a reclamar o título de eng. civil com um simples 12º ano. Ele tem, pelo menos, o título do ISEC e, in dubio pro reo, afirma que concluiu a licenciatura em engenharia civil.

Os senhores, ao dizerem que eu sou engenheiro civil sem estar inscrito na Ordem dos Engenheiros (caso contrário, tinha o eng) e com um simples 12ºano de habilitações literárias,
colocam-me numa posição muito delicada, incorrendo mesmo num crime de usurpação de
título.
E eu não tenho o aparelho do maior partido político português a proteger-me as costas quando a coisa der para o torto.

Finalmente, chegamos ao Nome preferencial, onde contrariam disposições anteriores e me
apelidam de Eng. J. L. Mxxxxxxxx.

Ora bem, até há umas semanas atrás, eu não teria grande coisa a opôr, visto que sou licenciado em engenharia física e todos os licenciados deste país são doutores e engenheiros.

Infelizmente, agora os tempos são outros. Só pode reivindicar-se engenheiro quem estiver inscrito na Ordem dos Engenheiros. Ora, para minha grande vergonha, não pago quotas a tão nobre instituição, pelo que terei de abdicar daquelas três letrinhas.

Nem sequer posso pedir um simples "lic" ou um "mestre", porque na minha teimosia me recuso a entregar-lhes o certificado de habilitações.

Portanto, proponho que fique simplesmente o José Luís Mxxxxxxxx ou o Zé, para os amigos.

Lamento o trabalho tempo e esforço que essas alterações possam causar.

Espero até não provocar um precedente grave que os obrigue a ir pedir a todos os vossos clientes Drs. e Engs. o certificado de doutoramento ou o cartão de membro da Ordem dos Engenheiros, respectivamente.

Mas peço-lhes, rogo-lhes, suplico-lhes, retirem o mal-fadado "Engenheiro Cívil" da minha
ficha de dados.

Nunca chamei a ninguém nenhum nome que não fosse merecido. Esse é claramente imerecido. Prometo manter todas as minhas contas no vosso estimável banco. Mas, por favor, não digam a ninguém que eu sou engenheiro civil.

Do sempre vosso,
Zé"

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Diálogo surreal ou são mesmo "chinesisses"?

Este Sábado, numa loja de decoração da Rua Augusta - LX - observei o seguinte diálogo acerca de umas pantufas semelhantes a duas bolas de "basket":

Cliente: "Desculpe. Isto é tamanho único?"

Emp. da loja: "Isso não tem tamanho. Só que uns são maiores que outros. É ver a olho e experimentar."

Ora. Isto levanta um sem número de questões.

Se algo não tem tamanho, é porque não ocupa espaço, ou não tem existência física, ou então não reflecte a luz e por isso não a vemos (não havia um filósofo que dizia isto?).

Contudo, eu, para além da cliente, também vi as pantufas e era a elas que a empregada da loja se estava a referir. Vamos, por isso, dar como assente que as pantufas existem.

Pressuposto 1:
As pantufas existem



Agora analisemos talvez a maior das contradições que ouvi nos últimos tempos (e se pensaram no Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, asseguro-vos que já vi os filmes):
As pantufas não têm tamanho, mas há umas maiores do que outras.

Ora, como é que é possível determinar que existem umas pantufas maiores do que outras se não for através do tamanho de cada uma delas?

Talvez as pantufas não tenham um tamanho determinável. Talvez o tamanho seja mutável consoante as horas do dia ou a temperatura, razão pela qual seria possível encontrar algumas maiores do que outras...

Vamos assumir que sim.

Pressuposto 2:
O tamanho das pantufas é indeterminável e mutável.



Termina a empregada da loja colocando um desafio à cliente: "Ver a olho"

A cliente deverá assim utilizar o seu sentido visão... para ver. Para tanto deverá recorrer aos olhos.

Por último: experimentar.

Trata-se claramente de uma apologia da experiência empírica em detrimento de qualquer outra consideração filosófica que se pudesse construir em torno das pantufas.

Vamos assumir que será esse o caminho para apreender, em cada momento, o tamanho das pantufas.

Pressuposto 3:
O tamanho das pantufas é apreensível através da experiência empírica.


A EXPERIÊNCIA:

Compararam-se cerca de 10 conjuntos de pantufas existentes na loja e verificou-se o seguinte:

Às 19:47 do dia 3 de Fevereiro de 2007, com uma temperatura de 23º C e uma humidade relativa de 33,4%, à vista desarmada.... todas as pantufas apresentavam o que aparentava ser o mesmo tamanho.

NOTA: Não foram utilizados instrumentos de medição (e.g. réguas). Margem de erro: 1,4 cm.

Apenas para constar do relatório, verificou-se que a origem de todas as pantufas era a China.

Ahhhhhhhhh!!! Alto lá!!! Os chineses cultivaram durante um milénio o chamado "pé de Lótus", enfaixando os pés das mulheres ainda enquanto crianças, para que não crescessem e ficassem todos do mesmo tamanho. Deformavam o pé por interesse erótico (cliquem para imagem elucidativa).

Será por isso que as pantufas MADE IN CHINA têm todas o mesmo tamanho?

Ou será que o sistema deles não permite fazer pantufas de tamanhos diferentes?


domingo, 28 de janeiro de 2007

Neurose de Renda ou apenas exigir o mínimo respeito?

Hoje, uma das principais empresas de entrega de pizzas ao domicílio, perdeu um cliente: Eu.

Chamem-lhe neurose de renda ou não (Alves da Silva: esta é para ti) mas eu entendo que os consumidores devem começar a exigir respeito para que as empresas realmente os respeitem.

Aqui há dias encomendei uma pizza e faltava um ingrediente. Telefonei a reclamar e as duas opções que me deram foram: a) fazemos uma nova pizza e vamos aí substituir; b) fica com um crédito de um ingrediente e num próximo pedido é incluído de graça.

Como já era algo tarde para almoçar, optei pela solução b), mas tive o cuidado de perguntar: "Mas como é que vão saber que eu tenho um crédito de um ingrediente numa próxima vez que telefonar a fazer um pedido?"

Resposta: "Vou colocar aqui no sistema".... (ahhhhh, o sistema)

Pois hoje telefonei para a tal empresa e preparava-me para fazer um pedido. Transmiti à jovem que me atendeu que teria um ingrediente a haver.

Resposta: "Não tenho aqui nada no sistema."

Eu: "Pois... já estava à espera. Eu bem perguntei logo à sua colega como é que iria registar o meu crédito... Ela disse que colocaria no sistema"

Resposta: "Pois, mas aqui não tenho nada."

Eu: "E então?"

Resposta: "Talvez a minha colega se tenha esquecido. Sabe o nome dela?"

Eu: "Não. Não pensei que fosse necessário ficar com a identificação da sua colega".

Resposta: "Pois. É que eu não tenho nada no sistema"

Eu: "Então chame-me o gerente, por favor."

Resposta: "Não está. Eu sou a responsável."

Eu: "Bom, está claro que vocês trabalham mal. Primeiro esquecem um ingrediente e depois nem sequer registaram o crédito. Perderam um cliente. Há mais empresas de pizza por telefone aqui no Concelho."

Resposta: "Ahh não diga isso. Eu não disse que não dava o ingrediente"

Nesta altura, esta afirmação já me pareceu extremamente tardia. Afinal de contas, o cliente não tem sempre razão? Parece que não. Especialmente quando o sistema contraria o cliente.

É a palavra do sistema contra a do cliente e, naturalmente, o sistema ganha.
A empresa de pizzas é que perde: clientes.

Será assim tão difícil?

Fico pasmado com situações em que as pessoas ficam escravas de um sistema informático.

Especialmente quando se pretende fazer algo simples - e que antes se fazia à mão, demorava tempo, mas era possível - e recebemos a resposta "O Sistema Não Permite".

Por exemplo: preencher um formulário qualquer e não colocar o BI porque não temos ali à mão: "O Sistema Não Permite"

Alterar a nossa residência no site da nossa operadora de telemóvel: Não... só por fax ou carta... é que "O Sistema Não Permite".

Não pensem que não sou a favor do progresso (quem me conhece sabe que sou até algo freak da tecnologia), mas realmente julgo que vivemos na era das novas burocracias: a infoburocracia ou, para os amigos, a burocracia dos infoexcluídos da sociedade da informação.

Bem vindos!