terça-feira, 31 de julho de 2012

Não entendo.

Hoje estou em modo "faz o que digo e não o que eu faço". Porque não preciso também eu de fazer aquilo que eu entendo que algumas pessoas, muitas mesmo, deviam fazer. É a minha opinião. Não tem de ser o meu mote de vida.   Em pleno 2012, 38 anos após o 25 de Abril, 37 após o meu nascimento, sinto alguma dificuldade em entender principalmente os portugueses da chamada geração rasca, anterior à minha, e dos da geração à rasca, que será a minha. Não sei o que vão chamar à geração actual, mas sugiro geração da troika ou da austeridade.   Por estes dias escrevem os jornais estrangeiros que o país é, daqueles onde medidas de austeridade têm vindo a ser aplicadas, onde a contestação social tem sido menor. Em termos práticos, fomos apelidados de "carneirada mole".   E, no entanto, é fantástica a capacidade de mobilização dos portugueses para se manifestarem ao computador, nas redes sociais principalmente, contra os episódios mediáticos e algumas afirmações desragadas da actualidade política portuguesa.   Foi o caso das secretas, a reforma de Cavaco, Passos Coelho a sugerir a emigração, Relvas e a sua licenciatura e, mais recentemente, o facto de o PM estar a "lixar" para eleições, com alguma condenação ao uso desta linguagem.   Os pedidos de demissão do Ministro Relvas deram até lugar a duas manifestações seguidas.   Também nas redes sociais, espelho da sociedade para muitos, multiplicam-se os movimentos anti partidários. E é isto que me preocupa.   Preocupa-me que estes portugueses percam tempo e dêm tamanha importância ao modo como a licenciatura de um Ministro foi concedida, sem darem a mesma importância às relações de poder, aparentemente com origem na Maçonaria, que se diz estarem por trás desse mesmo processo, num alegado tráfico de influências, justa ou injustamente, tantas vezes associado a tal organização.   Fico surpreendido que estes mesmos portugueses sublinhem a sua indignação pelo facto de Cavaco Silva ter potencialmente acumulado duas pensões, mas já relevem as relações do mesmo com Dias Loureiro, Duarte Lima, BPN/SLN e o caso ds Casa da Coelha e outros tantos, e mesmo na recente controvérsia do Pavilhão Atlântico só encontrem energia para a graçola, para um sarcasmo envergonhado. Quase parece que é inveja. Que se tivessem estes portugueses a mesma oportunidade fariam o mesmo, ou mesmo pior do que aquilo que condenam. Será?   Como eu gostaria de ver estes portugueses preocupados com a nova lei do arrendamento que se prepara para entrar em vigor e, certamente, colocar debaixo da ponte muitas pessoas, numa catástrofe social como há muito não se via.   Ou defenderem a redução do número de deputados com o consequente aumento da remuneração dos membros do Governo e da AR como meio dissuassor de corrupção. Ou reflectir sobre quais são efectivamente as áreas económicas estratégicas em que Portugal tem hipóteses de ser competitivo e apostar nessas áreas.   Ainda, exigir uma fiscalização activa e eficaz sobre quem recebe subsídios do Estado sem deles precisar.   Lutam, estes Portugueses, pela não extinção da sua freguesia sem ter um único argumento válido para o fazer. Estarão a defender os cargos dos políticos que lá habitam? Mas afinal os políticos de proximidade são diferentes dos outros que tanto atacam?   Lutam também contra portagens sem entender, a maioria das vezes, que as SCUT saem ainda mais caro e são pagas por todos nós?   Insurgem-se contra o encerramento do Tribunal da sua terra sem nunca lá ter entrado nem perceber a verdadeira utilidade do mesmo.   Mas pior que tudo isto é defenderem o fim dos partidos, a extinção da classe política.   E depois? O que vem depois? A anarquia? A ditadura de uma minoria dita iluminada?   Não entendem estes portugueses que a melhor forma de contribuírem para a sociedade seria precisamente através dos partidos. Filiem-se nos partidos do arco do poder. Entupam esses partidos. Tomem-nos de assalto.   Só assim.   Só assim poderão estas pessoas combater poderes instalados nos partidos.   Já terão pensado, estes portugueses, que a sua instaatisfação com os políticos deriva do facto de que não são eles quem escolhe quem eleger. São os partidos que decidem quem se expõe a eleições. São as forças política que à partida determinam em quem podemos votar. E, não tenhamos ilusões, no estado actual que os partidos atravessam há pelos menos duas décadas, apenas chega ao poder interno quem passar por cima de muita gente e cometer as maiores atrocidades para com os colegas de partido. E é nesses que nos deixam votar.   Esta situação só pode mudar se os milhares de pessoas que se manifestam ineficazmente, invadirem os partidos, filiando-se. Em número, poderão alterar as regras, lutar por ideias e fazer chegar a cargos elegíveis quem merece, quem tem vontade altruísta, quem quer o melhor para o país.

2 comentários:

Anónimo disse...

Good morning Keep up with the excellent posts. Thank you

Anónimo disse...

Nice work, Thanks